Itou Junji: Collection [12/12]


Nome: Itou Junji: Collection
Gênero: Horror
*CONTÉM SPOILERS


Itou Junji: um dos maiores e mais notáveis autores de obras no universo de horror. Finalmente, após muito tempo, alguém lembrou que suas obras nunca haviam tido uma adaptação decente, uma que conseguisse, de fato, transmitir o clima sombrio e bizarro de suas histórias que, muitas vezes, são desprovidas de qualquer sentido. Contrariando o que todos o esperavam ao receber a notícia de que algo de sua autoria seria adaptado, uma adaptação de Uzumaki, fomos pegos de surpresa ao descobrir que, na verdade, uma coletânea esquecida e desconsiderada pela maioria dos fãs que não foram tão a fundo no universo de Junji seria adaptada: Itou Junji Kyoufu Manga Collection e, junto com essa, Ma no Kakera, também conhecida, no ocidente, como Fragmentos de Horror.

O que falar sobre a adaptação? Por ser um anime episódico, não há como falar sobre o enredo como um todo, nem mesmo falar, individualmente, sobre cada uma das 24 histórias, pois isso se tornaria um texto bem maior que os já vistos aqui. Sendo assim, creio que o mais correto é falar da forma mais geral possível.

Primeiramente, creio que posso dizer que o público-alvo eram os leitores do mangá e, obviamente, os verdadeiros fãs de Itou Junji. Haviam diversas possibilidades para a escolha de obras: Focada no horror; focada no mais bizarro; focada no humor negro e idiota; focada no suspense. Enfim, caso os responsáveis pela adaptação realmente quisessem atingir determinados públicos-alvo fora do público esperado, poderiam ter feito uma escolha diferente, talvez uma escolha mais específica, uma escolha que excluísse histórias que o público em geral não conseguiria entender, mas, como vimos, eles não o fizeram e, como possíveis fãs da obra de Junji, resolveram transmitir a essência de suas histórias, ou seja, suas escolhas focaram em reunir um pouco de cada tipo de enredo desenvolvido, ou seja, um pouco de horror; um pouco do bizarro; um pouco do humor negro; um pouco do suspense e isso foi, ao meu ver, uma escolha decente, mas que poderia ser melhor.

Esta escolha foi o que afunilou o público-alvo do anime e isso é devido ao fato de que as pessoas que só conhecem Junji pelo nome ou só o conhecem devido a Uzumaki, Frankenstein ou Gyo, ou seja, pessoas que estão acostumadas com um determinado padrão. Essas pessoas, quando confrontadas por um padrão diferente, são consumidas por uma sensação de estranhamento e até de desgosto, chegando ao ponto de determinar como ruim. Isso foi algo que notei ao observar comentários sobre o primeiro episódio do anime, em especial, "Souichi no Katte na Noroi", uma história que fez muitos droparem o anime ainda no primeiro episódio. "É idiota, meramente a história de excluído revoltado." Ora, ora, você descreveu exatamente o que Junji quer passar nessas histórias: um humor negro e idiota, onde não importando quais artimanhas ou maldições ele tente usar para se dar bem, tudo se volta contra ele; uma história de uma garoto excluído, azarado, na média, mas com um grande orgulho e ego. Bem, ainda assim, entendo o estranhamento e também não achei uma boa escolha iniciar o anime como uma longa história deste padrão.

Se há algo que definitivamente deve ser elogiado é o fato do anime conseguir "climatizar" as obras, caso tenha lido os mangás, perceberá que a maioria das histórias foram bem adaptadas, conseguindo transmitir as mesmas sensações, o mesmo "clima" sombrio ou bizarro das obras originais, em especial, gostaria de citar Namekuji no Shoujo, Yotsutsuji no Bishounen, The Chill, Town Without Streets, Lingering Farewell, Gaka, Further Tales of Oshikiri e Tonari no Mado. A adaptação destas foi em um nível superior as demais.



Arte:

Há quem reclame da animação e diga que os traços diferem em muito dos usados por Junji. No momento em que foi falado sobre uma adaptação e que foi cogitado por muitos um anime de Uzumaki, tive o seguinte pensamento: "Como?". Eu tinha uma grande dificuldade em imaginar tal obra em anime, simplesmente porque não conseguia imaginar os traços de Junji sendo replicados, eles são, em todos os aspectos, um tanto únicos, são traços que conseguem representar a bizarrice de sua história perfeitamente. Creio que seria um tanto estranho ver uma obra de renome como Uzumaki ser destruída por causa do uso de traços, de uma animação que diferisse completamente do original.

Bem, estamos adaptando uma serie de obras esquecidas pelos fãs medianos, estamos falando de obras que não necessariamente são focadas na bizarrice. Qual seria o problema de usar um traço diferente do usado por Junji? Foi um tentativa bem-sucedida de passar a essência de Junji com traços que conseguem transmitir o mesmo clima da obra original. A animação poderia ser muito melhor? Poderia. Eles poderiam tentar, ao máximo, replicar os traços de Junji? Deveriam. Mas isso é realmente necessário? Nosso objetivo é, de fato, entregar uma réplica exata de uma grande obra que representará, eternamente, o nome do autor no universo dos animes? Creio que não, afinal, como dito nas considerações sobre a história, o que queremos é transmitir a essência do seu trabalho e não o trabalho como um todo e, se perceber, a escolha de cores, cenários, ambientação etc. estavam decentes.

Para concluir, Shichiten Battou no Blues de THE PINBALLS é a melhor opening da temporada.

Considerações Finais: 

Primeiramente, vamos falar da equipe:

Diretor/Character Design: Shinobu Tagashira - Diabolik Lovers foi a única obra em que ele atuou como diretor antes de Itou Junji: Collection, mas que possui grande experiencia como Character Design.
Diretor de Som: Hozuki Gouda - Um dublador, dá para contar no dedo as obras em que ele atuou como diretor de som e a única que merece algum destaque é Net-Juu no Susume.

Pois bem, não tínhamos a melhor das equipes e não estávamos no melhor do estúdios, todos sabemos que o DEEN consegue cagar o "incagável" em adaptações. Mas, veja só, não é que, para o nível de staff dado, o anime ficou decente? Poderia ser muito melhor? Obviamente! Mas digo que olhe com cuidado, sem rancor no coração, sem preconceitos, você notará que da mesma forma que algumas histórias ficaram bem malfeitas, outras surpreenderam.

Conseguindo ser melhor que Yami Shibai, Itou Junji: Collection se tornou o melhor dos episódicos de horror. Conseguindo ser melhor que adaptações estranhas e extremamente coloridas e live actions de adaptação malfeita, Itou Junji: Collection é a adaptação que mais se aproximou do ideal para algo que nos traz obras de um dos maiores autores do universo do horror.

Não, o que foi dito aqui não é piadinha de primeiro de abril.

Por fim, vamos esperar que, futuramente, possamos ser agraciados como um adaptação ainda melhor.





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