Made in Abyss [13/13]

Nome: Made in Abyss
Gêneros: Sci-Fi, Aventura, Mistério, Drama, Fantasia.
*CONTÉM SPOILERS

Verão/2017: uma época marcada por uma quantidade imensa de animes ruins e por diversos finais em aberto. Em meio a esta temporada decadente surge, como esperança de salvação, Made in Abyss, e, com boas premissas, o anime parecia ter de tudo para ser uma grande obra, mas, diferente daquilo que se esperava, uma série de falhas acaba por fazer com que ele seja apenas mais um na temporada, sem nada de especial.

Abyss: uma grande depressão que se estende por quilômetros. Um lugar inexplorado, cercado de mistérios, relíquias e seres desconhecidos. Explorar o Abyss tornou-se o objetivo de diversos aventureiros, assim como também é o sonho de nossa protagonista, Riko, uma iniciante apito vermelho bem-curiosinha que deseja desvendar os mistérios e ver, com seus próprios olhos, as camadas mais profundas do abismo. Sua mãe é uma das mais bravas e destemidas exploradoras, uma apito branco, e Riko deseja se tornar alguém como ela.

Em uma de suas idas às primeiras camadas do abismo, Riko é salva de forma surpreendente e aquele que teria a salvo estava desmaiado. Sem outras opções, ela o leva até o orfanato onde consegue fazê-lo acordar e, após alguns momentos de nervosismo ao ter que o esconder do líder, ela o nomeia Reg e o faz se tornar um membro do orfanato.

Meses depois, um grupo de exploradores volta do Abyss trazendo um apito branco e uma carta. Descobre-se, então, que Lyza "a Aniquiladora", mãe de Riko, morreu durante uma incursão ao Abyss. Porém, na carta havia um bilhete que dizia: "No fundo do Abyss, esperarei." Essa mensagem se torna a esperança de que sua mãe ainda estaria viva. Sem pensar duas vezes, Riko e Reg decidem, em busca de seu paradeiro, ir até o Abyss e esta é a premissa principal da trama.

A essência de Made in Abyss é a aventura e isso é mostrado durante os próximos episódios. Como uma aventura é necessário ter um objetivo (Encontrar sua mãe) e algo que os separe, uma dificuldade imposta à sua jornada que, nesse caso, é o Abyss. É necessário, então, nos padrões de uma aventura, que este Abyss seja devidamente explorado em seu caminho até a mais profunda camada, mas, o abismo, que é onde se centra todo o universo do anime e onde toda história ocorre, é ignorado durante a trama.

Mas o que isso quer dizer? O Abyss é ignorado?

Simples. O Abyss não é tratado como o que faz a jornada existir, não é tratado devidamente como uma dificuldade imposta à jornada. Ele é, meramente, um gatilho usado para mover o enredo até o seu fim, em outras palavras: "Não precisamos ter o mínimo de preocupação em criar coisas para serem exploradas ou dificuldades em cada camada, não precisamos fazê-los perder tempo mostrando tudo o que determinado local pode oferecer ou mostrar os diversos seres que nele vivem." Pode-se dizer que uma das principais características da Riko, a curiosidade, é "adormecida" para que pudessem acelerar a passagem de camadas. Não sei dizer se isso foi algo único da adaptação do anime ou se também é assim na obra original. O diferencial de Made in Abyss em relação à outras aventuras é justamente a existência do Abyss, ou seja, não aproveitar e desenvolver todo o potencial do Abyss faz com que o anime se torne uma aventura qualquer, sem nada de especial.

Após o início da jornada, Riko e Reg descem em uma facilidade inacreditável e chegam à segunda camada, onde conhecem a melhor waifu e melhor personagem da temporada, Ozen, uma apito branco responsável pelo acampamento de busca. Ozen, sem dó ou piedade, dá uma bela surra em criança esperançosa e os faz encararem a realidade de que morrerão facilmente nas camadas seguintes e os forçam a fazer um teste de forma que só poderiam continuar sua jornada caso passassem. Ao conseguirem sobreviver na segunda camada por duas semanas, eles concluem o teste e ganham o direito de continuar sua jornada e, além disso, Ozen dá uma notícia animadora: Não havia ninguém enterrado no túmulo de Lyza, ou seja, sua mãe provavelmente estaria viva.

A terceira camada é, simplesmente, uma depressão dentro da depressão. Um vala com quilômetros de extensão, que é superada em um episódio. Por fim, chegamos a um ponto de tensão ao Riko se ver à beira da morte após ser ferida e envenenada por um monstro local e sofrer as consequências de ascender na quarta camada. Reg se vê em uma situação inesperada e, sem saber o que fazer, tentando evitar que o veneno se espalhe, ele inicia, aos prantos, o processo de amputação do braço de Riko, esses que são escutados por uma moradora local chamada Nanachi.

"Cansei dessa main plot! Vamos aproveitar que Riko está em recuperação para jogar um outro enredo aqui até o final" Quase ao estilo de Kamisama no Inai Nichiyoubi, aproveitamos a recuperação da Riko e introduzimos um enredo voltado à Nanachi, os episódios seguintes são, no geral, enrolação e o único fato importante mostrado neles é uma explicação sobre a maldição do Abyss. Tal razão é simples e, de certa forma, realista, porém, decepcionante. Como já havia sido dito anteriormente, isso mostra o quanto não houve preocupações com o Abyss na construção da história e confirma o fato dele só ser usado como mecanismo de progressão da história. A maldição tem sido um dos grandes mistérios sobre o abismo a serem revelados no decorrer da trama e a razão para isso foi extremamente óbvia.

Por fim, temos um episódio final focado em mostrar o passado da Nanachi e da Mitty, concluindo, dessa forma, o arco paralelo e desconexo. Sim, ao terminar de assistir, há uma divergência entre julgar o fim do anime como bom por trazer um arco com uma visão mais séria do Abyss e dos exploradores, assim como o passado de uma personagem misteriosa ou julgar o final do anime como ruim por ser praticamente desconexo do enredo principal e das suas premissas.



Arte: 

A animação de Made in Abyss compensa tudo o que o enredo ignorou sobre o Abyss. A escolha de cores frias dá ao anime um clima obscuro. Os cenários em conjunto com essas cores criam uma sensação de imersão e ressaltam cada ambiente mostrado. Os traços lembram os usados pelo estúdio Ghibli e faz com que sintamos o mesmo que sentimos ao ver uma aventura fantasiosa desse estúdio. A forma como a animação engloba os conceitos do anime e, principalmente, os conceitos do Abyss é magnífica. Não há reclamação alguma acerca do trabalho do Kinema Citrus com a animação.

Considerações Finais:

No geral, Made in Abyss é um anime mediano que foi salvo pela sua animação e, talvez, por sua originalidade, apesar da principal razão sobre esta ser ignorada. A história da Nanachi, mesmo sendo um desvio da trama central, foi a melhor parte do anime, pois envolve temas adultos e obscuros, trazendo, dessa forma, uma visão realista das emoções e dores do personagens, assim como a ganância e crueldade dos exploradores a um anime aparentemente infantil. Com exceção do arco da Nanachi, essencialmente, não há nada de especial no enredo, que se trata, princialmente, de uma aventura em busca de algo, nesse caso, do paradeiro de sua mãe. Creio que os principais defeitos já foram explicados no decorrer das considerações sobre enredo e outras, como certos mistérios que continuaram em aberto, não são necessárias serem descritas já que o anime não é uma adaptação de toda a trama da obra original. Por fim, pode-se dizer que Made in Abyss está entre os melhores dessa decadente temporada, mas isso não quer dizer muita coisa.

Descanse em paz, Mitty











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